quinta-feira, 9 de maio de 2019

Nota de repúdio ao vereador Paulo Galtério, de Campinas.

Vamos mostrar a nossa a nossa indignação, exigimos respeito! 
Vamos encher a caixa de E-mails dele: paulogalterio@campinas.sp.leg.br
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O Coren-SP manifesta repúdio às declarações do vereador Paulo Galtério, de Campinas, que culpou a enfermagem pela crise na saúde que acomete o município. Nas palavras dele em sessão da Câmara Municipal na última quarta-feira (8/5), “uma enfermeira acorda de mau humor e deixa o paciente esperando seis horas. Depois a culpa é do Jonas Donizette. E se naquele dia ela brigou com o namorado? Não pode culpar o prefeito”.
A colocação é ofensiva aos mais de 50 mil profissionais de enfermagem de toda a região de Campinas. A enfermagem é a porta de entrada do atendimento e assim como a população, é vítima do subfinanciamento da saúde pública e da falta de estrutura e condições para prestar assistência da melhor maneira possível.
Os protocolos de triagem são ferramentas de cuidado que otimizam o atendimento à população, considerando a urgência de cada caso. O atendimento da enfermagem identifica os riscos e os classifica, com base em todo conhecimento técnico e científico adquirido em anos de estudo e prática. Não são meras considerações subjetivas dos profissionais e muito menos baseadas em humor ou alteradas pelas relações pessoais dos profissionais.
Cabe esclarecer ao vereador também um aspecto pessoal da enfermagem envolvido diretamente ao trabalho: o adoecimento mental e físico. Submetidos a uma sobrecarga de trabalho extenuante, a uma jornada longa e à falta de condições, sobretudo no serviço público, os profissionais de enfermagem do estado de São Paulo apresentam sofrimentos psíquicos como ansiedade, depressão, burnout, estresse e síndrome do pânico. As informações são baseadas em resultados de sondagem divulgada ontem também (8/5) pelo Coren-SP, em cerimônia que iniciou as celebrações da Semana da Enfermagem.
Cabe ressaltar também que os profissionais de enfermagem também são vítimas de agressão devido à demora no atendimento nas instituições. Essa conclusão foi obtida em outra sondagem realizada pelo Coren-SP, em setembro do ano passado. O tema foi amplamente debatido pela imprensa e se tornou de conhecimento público.
Ou seja, além de injusta, incorreta e desprovida de qualquer embasamento técnico, a manifestação do vereador é ironicamente contemporânea às celebrações da profissão, que é a voz que lidera a saúde no país. São também os profissionais de enfermagem que passam 24 horas por dia ao lado dos pacientes, desde os atendimentos preventivos, de tratamento e até nos momentos mais difíceis.
O Coren-SP também não pode deixar de considerar a carga de machismo e misoginia presentes na fala. A enfermagem paulista é composta majoritariamente por mulheres: são cerca de 86% dentro de um universo de mais de 500 mil profissionais. Atribuir falhas profissionais a estados emocionais das profissionais mulheres é apenas reflexo de uma percepção preconceituosa que deve ser contestada sempre.
Mesmo com essa manifestação necessária, o Coren-SP busca estreitar o diálogo com o vereador Paulo Galtério para esclarecer pessoalmente os equívocos de conhecimento que podem ter embasado suas colocações. Por isso, Renata Pietro, presidente do Coren-SP, e Rosana Garcia, conselheira e moradora de Campinas, já pleitearam um encontro com o vereador em sessão da Câmara Municipal.
A Enfermagem é a voz que lidera a saúde para todos e merece ser respeitada.

Corroboro com a nota do CorenSP!
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Enf Adilton Dorival Leite
Conselheiro Universitário
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Cidade Universitária "Zeferino Vaz"
Caixa Postal 6194 – CEP: 13.083-872  - Campinas/SP
F   (19) 3521-2488

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