Enfº Adilton Dorival Leite – Diretor
SEESP
Na manhã de quinta-feira (26),
o Enfermeiro Adilton Dorival Leite, Diretor do Sindicato dos Enfermeiros do
Estado de São Paulo – SEESP, apresentou ao Conselho Gestor do Centro de
Referência Regional em Saúde Trabalhador – CEREST, unidade de referência,
vinculada à Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Campinas, palestra
que abordou “Os riscos enfrentados pelos trabalhadores de enfermagem no
exercício da atividade laboral”.
Os riscos ocupacionais estão
presentes constantemente no cotidiano da enfermagem, através de situações que
podem ocasionar o desequilíbrio físico, mental e social. A apresentação teve
como objetivo evidenciar os riscos enfrentados pela enfermagem na realização do
processo de cuidar, verificando os desgastes sofridos por estes impactos na saúde
destes trabalhadores ao exercer sua atividade laboral.
Trata-se de um assunto da
maior relevância, pois o resultado que diversas cargas e desgastes que a
enfermagem está exposta, associado às longas
jornadas e à baixa remuneração conduzem a problemas na saúde.
A discussão junto ao CEREST
possibilitou evidenciar ao Conselho Gestor que o ambiente de trabalho propicia
diversos riscos à saúde da enfermagem, mas que que podem ser evitados ou
reduzidos por meio de medidas de proteção variadas.
Os acidentes ou doenças a que
são acometidos, além de impedir, temporária ou permanentemente, o profissional
de exercer seu trabalho por alterações físicas, acarreta em transtornos
psíquicos ou emocionais importantes. Vale ressaltar que a enfermagem está sujeita
aos acidentes de trabalho porque o ambiente profissional oferece riscos físicos, químicos, fisiológicos, psíquicos,
mecânicos e principalmente os biológicos.
Esse problema é amplamente
conhecido, portanto, neste contexto, em 11 de novembro de 2005, por meio da
portaria GM nº 485 foi regulamentada a norma
32 com o objetivo de propor uma legislação específica que pudesse implementar medidas de proteção
a segurança e saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde bem como daqueles
que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
A Norma Regulamentadora (NR)
32 aborda pontos importantes para implementação de medidas de proteção à
segurança e à saúde de todos àqueles que trabalham nos serviços de saúde ou que
exercem atividades de promoção e assistência à saúde. As Normas
regulamentadoras foram elaboradas pelo Ministério do Trabalho, tendo como
objetivo facilitar e detalhar o que preconiza a CLT, visando à promoção de
saúde e de segurança no ambiente profissional. É amplamente constatada a importância
das NRs para os estabelecimentos de saúde e para trabalhadores. Sabemos que,
por meio do cumprimento integral da NR-32, melhorias são alcançadas na promoção
da saúde dos trabalhadores, na prevenção de acidentes de trabalho e de doenças
ocupacionais.
O governo Bolsonaro anunciou
recentemente que prepara a flexibilização de 14 normas de segurança e saúde do
trabalho neste ano, das quais cinco serão alteradas no próximo mês. Juízes,
procuradores, auditores fiscais do Trabalho e pesquisadores já manifestaram que
são contrários à flexibilização. Outras 11 das normas regulamentadoras (NRs)
serão alteradas ano que vem e, até 2021, todos os 37 instrumentos criados para
garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores terão passado por mudanças,
conforme cronograma aprovado semana passada pela Comissão Tripartite Paritária
Permanente, a CTPP. A comissão é formada por representantes de governo,
empregadores e trabalhadores.
Para o SEESP, a NR-32 é
considerada de extrema importância uma vez que, até então não havia legislação
federal específica, abordando questões de segurança e saúde no trabalho no
setor da saúde. Para nós enfermeiros, o governo vem na contramão quando discute
desregulamentação e ou simplificação das NRs que tem a finalidade de proteger a
saúde dos trabalhadores, prevenir acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais. O SEESP entende que o trabalho deveria ser no sentido de
fazer cumprir na sua totalidade!
O trabalho desenvolvido em
condições atribuladas, acompanhado da desvalorização profissional, remuneração
inadequada, relações hierárquicas e interpessoais conflituosas em seu ambiente
de trabalho provoca a insatisfação do trabalhador, o que certamente favorece o
aparecimento do estresse neste trabalhador. Nos hospitais, isso se torna cada
dia mais frequente, por ser um ambiente específico, marcado pela intensificação
do trabalho e complexidade do serviço prestado, devido às demandas e
necessidades dos pacientes. Isso muitas vezes gera aumento da carga de
trabalho, acarretando prejuízo na assistência prestada pelos profissionais
devido à sobrecarga, insatisfação e tensão dos membros da equipe, culminando em
frequentes acidentes.
Faz-se importante repensar a
estrutura organizacional dos serviços de saúde sob a perspectiva do trabalhador
que, efetivamente, é delimitado cotidianamente com as cargas de trabalho,
devendo ser o ponto focal de propostas intervencionistas para as instituições
de saúde.
Os afastamentos geram dias
perdidos, e estes são indicativos da gravidade dos problemas de saúde da
enfermagem, estes, geram custo, quem paga a conta é o governo, os empregadores,
os empregados! Esse custo poderia ser
revertido em investimentos na saúde dos trabalhadores de enfermagem e,
consequentemente, na qualidade da assistência de enfermagem. (O custo seria bem menor).
Nesse sentido, na opinião do
SEESP, evidenciar a problemática de saúde dos trabalhadores de enfermagem e,
também, para o seu monitoramento por meio de indicadores, representa uma medida
objetiva e fundamental para a tomada de decisões visando à promoção de saúde e
de segurança no ambiente profissional, conforme rege nossa Constituição.