segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Ética e o Sistema Cofen/Corens


É interessante observar a diversidade e riqueza de pensamentos e interesses que nos (permear = Fazer passar pelo meio) cercam. Certamente, ter a clareza ou a certeza da verdade depende, quase sempre, do ponto de vista a partir do qual se observa a realidade.. Quanto à verdade, portanto, cada um tem a sua, e muitos a defendem como se fosse absoluta, ou como se todos devessem concordar com ela. No entanto será essa a verdade real?
Aristóteles enunciava dois teoremas fundamentais sobre o conceito de verdade. O primeiro deles diz que a verdadeestá no pensamento ou na linguagem, não no ser ou na coisa (Met.,VI,4,1027 b 25). O segundo é que a medida da verdade é o ser ou a coisa, não o pensamento ou o discurso. Assim, pois, uma coisa não é branca porque se afirma como verdade que é assim, mas, se afirma como verdade que é assim, porque ela é branca. (Met., IX, 10,1051 b 5).
No âmbito do conhecimento filosófico, há muitos conceitos de verdade. Uns falam da verdade segundo Aristóteles; outros, segundo Platão ou Nietzsche; outros, ainda, segundo Tomaz de Aquino. A verdade sempre foi uma eterna busca, com centenas de teorias a respeito. Porém, existem algumas verdades universais como, por exemplo, a de que "Todos os seres humanos morrem".
A verdade deve estar em cada um. Eu tenho uma visão de verdade sobre algo e você, possivelmente, tem outra. Porém, isso não implica que eu deva me deixar enganar sobre a realidade dos fatos. Seguindo a definição clássica, verdade é "aquilo em relação a que não posso me enganar".
Longe de mim querer explicar, em um texto breve como este, o que seja ou qual seja a verdade. No entanto, é importante que compreendamos que a situação atual do Sistema Cofen / Corens é muito mais profunda do que as aparências querem demonstrar, pois implicam em nada mais e nada menos do que luta pelo poder.
Desta forma, tomemos cuidado com as falácias e os discursos que expressam verdades particulares, carregadas de interesses também particulares. Aprendi na vida que, quando nos deparamos com conflitos políticos, é preciso saber primeiro com o que nos identificamos, ou seja, qual é o projeto que, de fato, nós desejamos e defendemos; se o nosso interesse está no que, de fato, interessa à coletividade; e se nele estão intrínsecas, de fato, as raízes históricas de práticas libertadoras e democráticas, ou o desejo do poder pelo poder, para a instrumentalização de instituições e a conquista de interesses pessoais ou de pequenos grupos.
A história tem nos mostrado inúmeros exemplos de pessoas ou de grupos que ousaram / ousam manipular os fatos para garantir a continuidade no poder.
Quem se pauta pelo bem da coletividade e não costuma fazer uso de práticas e ações de manipulação, seja de pessoas ou de fatos, não tem a pretensão de se perpetuar em cargos, a exemplo do continuísmo histórico que ainda hoje perdura no Sistema Cofen / Corens. Não acha que o Sistema pertence a poucas pessoas e grupos, como vem acontecendo. Se o Sistema Cofen / Corens é um bem que pertence a todos nós da Enfermagem, não seria (ou deveria ser) natural compreender que a renovação é salutar, imprescindível e necessária?
E, nesse momento, há algumas perguntas que não querem calar: quem direcionou a organização da última chapa eleita? Quem foram os assessores da atual gestão até poucos dias atrás? Por que esses “assessores” não assessoraram a gestão na busca da apregoada excelência? Onde se encontravam esses “assessores” quando os ditos “erros por descumprimento de normas” estavam sendo cometidos, gerando o afastamento de uma Presidente? Em que ações/programas/políticas do Sistema é possível vislumbrar o empenho desses “assessores” para a continuidade ou o alcance da excelência? Por que não esperar o próximo pleito para fazer a renovação, se ela se faz tão necessária? Por que a pressa em afastar a Presidente? Que pressa é essa, determinante da construção de uma verdadeira história de conspiração? Por que não há registros de avisos ou alertas por parte do Plenário antes da denúncia?
A verdade clama por si só e, por mais que se tente ocultá-la, ela aparece de uma forma ou outra. Como diz a máxima popular, “a verdade é como o azeite; sempre vem à tona”. Não podemos, infelizmente, dizer que a vergonha atual é sem precedentes, pois não é. E o Brasil inteiro comenta o fato. Não compreendo por que algumas coisas não podem ser ditas, enquanto outras, tão pouco éticas, podem estar sendo realizadas.
Temos, instaurado no Sistema Cofen / Corens, um afastamento ilógico e desproporcional.
Quem assistiu ao julgamento de admissibilidade da denúncia contra a Presidente, infelizmente presenciou um julgamento com cores e teores que extrapolaram o objeto da denúncia. Convenhamos, aquele julgamento, em verdade, revelou, mais que tudo, um acerto de contas em nível pessoal. Confesso que levei alguns dias para me refazer de tudo que vi e ouvi naquele dia. Após ter vivenciado um julgamento histórico que foi o de um ex-presidente do Cofen (Gilberto Linhares), lamentavelmente percebo que o mesmo foi mais humano e ético do que o atualmente presenciado.
As perdas são irreparáveis e os desgastes evidenciam que poderiam ter sido evitados se o processo houvesse sido conduzido de outra forma. A abstração de fatos e dados foi gritante.
Nosso colega Coutinho fala (segundo o mesmo, lamentavelmente) da crise instaurada no Sistema e chama a atenção para a necessária ponderação do Plenário, haja vista o beneficio de toda a categoria. Quero relembrar que o solicitado pelo colega foi claramente exposto ao Plenário do Cofen, e aclamado pela maioria dos Presidentes, no seminário realizado no final de 2012 em Vitória-ES.
Nós, a(o)s Presidentes, já antevíamos que os fatos poderiam ter este desfecho e que grandes danos poderiam ser causados, afetando nossas bandeiras coletivas de luta e, consequentemente, toda a Enfermagem brasileira. No entanto, a maioria dos membros do Plenário do Cofen não nos ouviu, deixando-se levar por vertentes (ou verdades?) totalmente alheias ao bem da categoria.
O desenrolar desse processo está revelando que os fatos não se relacionam apenas a uma ou duas pessoas. Demonstram claramente que relações corrompidas de poder, que há tempo demasiado permeiam nossa autarquia, ainda não foram verdadeiramente rompidas e transformadas em relações democráticas e ÉTICAS.
Finalizo clamando como o fez Martin Luther King: nesse momento, "não me preocupa o grito dos maus e sim o silêncio dos bons". Creio, muito firmemente, que nós podemos mudar essa história!

Fraternalmente,

Maria Salete S. Pontieri Nascimento
Coren-GO 40.600 - ENF.

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