segunda-feira, 18 de junho de 2018

ONU defende protagonismo da enfermagem na atenção primária



Ampliar o papel das enfermeiras e enfermeiros na atenção primária é uma solução inteligente para expandir e melhorar o atendimento à população, sobretudo em áreas com escassez de equipes de saúde. É o que propõe a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em relatório divulgado nesta sexta-feira (11), véspera do Dia Internacional da Enfermagem, lembrado em 12 de maio.

Atualmente, na região das Américas, a agência da ONU estima que faltam cerca de 800 mil profissionais de saúde para levar cuidados a todos.

Enfermeira e mãe de recém-nascido checam respiração de bebê em hospital próximo a Lakewood, em Washington, nos Estados Unidos. Foto: Exército dos Estados Unidos/Suzanne Ovel

Enfermeira e mãe de recém-nascido checam respiração de bebê em hospital próximo a Lakewood, em Washington, nos Estados Unidos. Foto: Exército dos Estados Unidos/Suzanne Ovel
Ampliar o papel das enfermeiras e enfermeiros na atenção primária é uma solução inteligente para expandir e melhorar o atendimento à população, sobretudo em áreas com escassez de equipes de saúde. É o que propõe a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em relatório divulgado nesta sexta-feira (11), véspera do Dia Internacional da Enfermagem, lembrado em 12 de maio.
Atualmente, na região das Américas, a agência da ONU estima que faltam cerca de 800 mil profissionais de saúde para levar cuidados a todos. Outro problema é a distribuição inadequada dos trabalhadores do setor, que se concentram principalmente nas zonas urbanas e com mais recursos econômicos.
A OPAS lembra ainda que a proporção de enfermeiros e enfermeiras por habitante varia consideravelmente entre os países das Américas. Enquanto os Estados Unidos têm 111,4 profissionais de enfermagem para cada 10 mil habitantes, o Haiti possui 3,5. Na metade das nações da região, esse índice é menor ou igual a 10,4.
“O envelhecimento da população e o aumento das doenças não transmissíveis, que exigem cuidados durante todo o curso de vida, evidenciam a necessidade de ampliar o papel de enfermeiras e enfermeiros na região, onde atuam a maioria dos profissionais de saúde”, afirmou o diretor do Departamento de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS, James Fitzgerald.
Para suprir a carência de profissionais em localidades mais vulneráveis, a OPAS chama atenção para os novos perfis de trabalhadores em saúde. Os enfermeiros e enfermeiras de prática avançada, por exemplo, podem assumir mais funções com autonomia nos serviços de atenção primária.
Em países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda e Finlândia, os profissionais de enfermagem com uma formação universitária de quatro a cinco anos já assumem mais tarefas para atender às necessidades dos pacientes.
A enfermeira e o enfermeiro de prática avançada — que estão autorizados a fazer diagnósticos, solicitar exames e emitir receitas médicas — surgiu no Canadá e nos Estados Unidos em meados da década de 1960. Eles são profissionais licenciados com uma prática profissional autônoma, ou seja, não subordinada ao médico, e que trabalham nos serviços de saúde ou de forma independente.
Na América Latina, porém, não existe regulação nem formação para enfermeiras e enfermeiros de prática avançada na atenção primária. A prescrição de medicamentos, um dos elementos centrais da prática avançada, segue como prática proibida para esses profissionais em muitos países.
O México conta com uma regulação, relativamente recente, que permite às enfermeiras e aos enfermeiros receitar medicamentos na ausência de um médico e em situações de emergência.
No Caribe, Jamaica e Porto Rico são os países que mais têm desenvolvido programas de formação e regulação da prática avançada.
Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Panamá e Peru possuem um alto grau de acesso à educação de pós-graduação em enfermagem. Por isso, segundo a OPAS, esses países poderiam, no futuro, oferecer a formação necessária em práticas avançadas.
“A ampliação do papel dos profissionais de enfermagem licenciados não pretende substituir ou realocar nenhum profissional, mas sim, complementar o trabalho de outros profissionais e ampliar habilidades para aumentar a eficiência, melhorar os resultados em saúde e reduzir custos de atenção”, defende Silvia Cassiani, assessora de Enfermagem e Técnicos da Saúde da OPAS.
O relatório da agência da ONU apresenta medidas que países podem tomar para promover a enfermagem de prática avançada. A publicação recomenda que governos, associações profissionais, escolas e faculdades de enfermagem, instituições de saúde e outros atores discutam o tema e ampliem o campo de trabalho dos enfermeiros e enfermeiras segundo as necessidades locais.

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